Eu tenho uma gata e um cachorro. A gata se chama Bia e o cachorro se chama Leo.
A noite, após um dia longo, pesado e sacrificante de trabalho, eu brinco com eles. Dou comida, banho, faço cócegas, acaricio, solto ratinhos e Bia se diverte os caçando, escondo ossos e Leo se diverte os procurando.
É assim há quase 20 anos. Os levo comigo por onde ando e viajo no meu celular, interajo com eles quando consigo um respiro do meu tempo limitado que me impede de ter animais e amigos de verdade.
Às vezes eu troco a cor deles, imagino o quanto deve ser agoniante ser a mesma coisa todo santo dia. Hoje Bia esta da cor azul e Leo da cor laranja. Semana passada ela estava esverdeada e ele roxo.
Leo adoeceu dias atrás, mas consegui comprar uma injeção virtual e cura-lo. Eu trabalho tanto, alguma coisa de útil eu tenho de fazer com o dinheiro que ganho. Comprei também uma mobília nova para a casinha deles, um grande osso pra ele e um novelo de lã para ela. Eles ficaram tão alegres. Alegres como sempre são e faço de tudo para que se mantenham assim.
Quando chego do trabalho e ligo a TV e interajo com eles em uma tela maior, nos divertimos um pouco até eu coloca-los para dormir e depois me deitar acompanhado apenas pela luz do abajur e dos calmantes.
Uma pena que Bia e Leo sejam condenados a viver presos dentro de uma tela de celular, TV, tablet ou computador. Pelo menos eles tem um ao outro.
kAwan oLiveira
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