quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Meu amigo Maurício

Tenho de admitir, Maurício é o cara que eu sempre quis ser. Me sinto constrangido em confessar que tenho inveja dele.

Eu sempre fui um cara muito tímido, com extrema dificuldade de falar com as pessoas. Desleixado, porco, atrapalhado, sem autoestima. Profundamente antissocial.

Certa vez, uma moça se aproximou de mim e disse:

- O opaco dos seus olhos castanhos são fascinantes.

Meu cérebro entrou em curto-circuito, disse um obrigado e deixei ela falando sozinha. Aquilo me deprimiu e fez eu me odiar. Fiquei noites e noites me questionando o porquê eu sou tão amarrado, por que existe esta maldita barreira invisível que me impede de falar com as pessoas. É tanta coisa que eu tenho que lidar, minha mente não comporta.

O meu amigo Maurício é o sujeito mais extrovertido e alegre que conheço, a palavra monotonia não existe em seu vocabulário. Sempre tem assunto de sobra pra conversar com qualquer pessoa. Faz sucesso nos bares, baladas, eventos e festas. Eu detesto boates, muita gente, muito pouco espaço e música muito alta. Mas Maurício pouco liga pra isso, ele dança como se o mundo fosse acabar amanhã , ele se joga sem restrições. A noite é toda dele, se envolve com homens e mulheres sem problemas quanto a isto. Exerce os prazeres da carne sem insegurança quanto a seu corpo, sem se preocupar com moralismos e conservadorismos estúpidos. Nunca passa a noite desacompanhado. Todos se encantam com seus olhos castanhos brilhantes. 
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Ele esta sempre disposto e eu cada vez mais exausto.

Apesar de tantas diferenças. Maurício e eu somos muito próximos. É o melhor amigo que uma pessoa solitária e deprimida pode ter. Somos tão próximos que as vezes, quando me olho no espelho, tenho a impressão de ver os olhos castanhos de Maurício.

kAwan oLiveira

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