Eu sempre fui um cara muito tímido, com extrema dificuldade de falar com as pessoas. Desleixado, porco, atrapalhado, sem autoestima. Profundamente antissocial.
Certa vez, uma moça se aproximou de mim e disse:
- O opaco dos seus olhos castanhos são fascinantes.
Meu cérebro entrou em curto-circuito, disse um obrigado e deixei ela falando sozinha. Aquilo me deprimiu e fez eu me odiar. Fiquei noites e noites me questionando o porquê eu sou tão amarrado, por que existe esta maldita barreira invisível que me impede de falar com as pessoas. É tanta coisa que eu tenho que lidar, minha mente não comporta.
O meu amigo Maurício é o sujeito mais extrovertido e alegre que conheço, a palavra monotonia não existe em seu vocabulário. Sempre tem assunto de sobra pra conversar com qualquer pessoa. Faz sucesso nos bares, baladas, eventos e festas. Eu detesto boates, muita gente, muito pouco espaço e música muito alta. Mas Maurício pouco liga pra isso, ele dança como se o mundo fosse acabar amanhã , ele se joga sem restrições. A noite é toda dele, se envolve com homens e mulheres sem problemas quanto a isto. Exerce os prazeres da carne sem insegurança quanto a seu corpo, sem se preocupar com moralismos e conservadorismos estúpidos. Nunca passa a noite desacompanhado. Todos se encantam com seus olhos castanhos brilhantes.

Ele esta sempre disposto e eu cada vez mais exausto.
Apesar de tantas diferenças. Maurício e eu somos muito próximos. É o melhor amigo que uma pessoa solitária e deprimida pode ter. Somos tão próximos que as vezes, quando me olho no espelho, tenho a impressão de ver os olhos castanhos de Maurício.
kAwan oLiveira
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